Colégio Caminhar 20 anos

Este post é uma homenagem para toda a Equipe Caminhar, alunos, pais e parceiros que fizeram e ainda fazem parte desta linda caminhada de emoção, realização, trabalho, amor, dedicação e educação. Agradecemos a todos por partilharem mais uma data tão importante para todos nós.

“Todos os dias o nosso sonho se torna realidade com a participação de vocês”

Escolhemos o depoimento da Débora Martins, mãe da aluna Júlia, para o nosso post de hoje, o qual gostamos muito e nos sentimos realizados e honrados de recebermos estas palavras sinceras em uma comemoração como esta.

Equipe Caminhar:

20 anos!!!!

Quando li o post no facebook compartilhando dos 20 anos do Colégio Caminhar, fiquei com imensa vontade de contar parte de minhas vivências nos últimos quase quatro anos.

Quando não temos filhos ou quando queremos tê-los apresentamos excelente discurso de como será, de como não será, o que fazer, o que não fazer, mas tudo começa quando o exame de urina apresenta “dois risquinhos azuis” ou vermelhos dependendo da marca do produto. Você chora de alegria e de tristeza. Um misto de: Que bom, vou ser mãe! Aí meu Deus, o que vou fazer agora? E assim vai.

Depois a barriga cresce, os meses voam, a criança nasce!! Que alegria!! Depois a licença maternidade começa e termina no mesmo instante. E agora? O que fazer?

Agora começa minha história ou nossa história com o Colégio Caminhar:

Minha licença maternidade terminou em outubro de 2007, mas logo no começo, quando voltei a trabalhar, Júlia ficou com a Vovó Elvira. Começamos a visitar escolas, pois no ano seguinte, achávamos que seria interessante Júlia freqüentar uma escola, ter contato com crianças e tudo mais.

Nesse ínterim, o Profº Leo trabalhava no mesmo lugar que o Mário e sempre comentava da escola que trabalhava e que a filha estudava. Como profissional da educação pensava: “Ou esse professor quer promover a escola ou quer ser amigo”. Mas esse pensamento aconteceu porque atuava como coordenadora pedagógica de uma escola pública, já tinha experienciado de tudo e de todos, também tinha “virado” mãe e precisava organizar tudo ao mesmo tempo. O Leo contou que cada criança levava o seu lençol, travesseiro, fronha, mamadeira… (não sei se ele lembra disso, mas eu lembro bem…)

Depois de visitarmos doze escolas resolvemos visitar o Caminhar. Logo que chegamos Fernanda nos recebeu com toda atenção, apresentou a escola, contou do trabalho, orientou uma criança que estava brincando na porta do banheiro e nos mostrou o berçário do lado de fora. Deixou bem claro que não poderíamos adentrar o espaço destinado aos bebês.

Esqueci de dizer: quando comecei a visitar escolas a única certeza que tinha é de que Júlia não poderia freqüentar uma escola que sempre concordasse comigo ou que fizesse aquilo que a família solicitasse. Imaginem como seria? Um de meus princípios é que a escola precisa ter “princípios” e clareza do trabalho que faz para orientar as famílias. E não as famílias orientarem as escolas de como deve ser o trabalho…enfim…

Depois da visita e de tudo explicado, não matriculamos a Júlia. Retornamos dias depois porque o Mário queria porque queria entrar no berçário. Eu pensava: Se a Fernanda deixar o Mário entrar no berçário, essa escola não é para nós, ou melhor, para a Júlia. Quer dizer, para nós sim, porque com a filha vem a família.

Retornamos a escola no dia 24/01/2008 e o Mário solicitou para ver novamente o berçário. Fernanda manteve a primeira fala: Você pode ver da porta, mas não vai entrar. Pensei: “É nessa educação que acredito” e fizemos a matrícula!!!

E então começamos nossa história que a cada dia apresenta um novo capitulo com diferentes desfechos.

É nesse espaço de educação que vivo intensamente o meu papel de mãe, sem preocupações com as explicações pedagógicas que rodeiam o meu lado profissional. Todos os questionamentos que faço são de fato dúvidas e às vezes, loucuras que são levadas em consideração e colocadas no seu devido lugar. Ainda bem que tem a escola!

Quando Júlia fez 1 ano marquei um horário com a Fernanda para saber “qual o problema” que impedia Júlia de andar sozinha. Pois é, recebi a seguinte pergunta: Mas como você faz para ela poder andar sozinha? Eu disse: Coloco algumas almofadas e dos dois sofás bem pertinho. Acho que não preciso continuar o relato, não é mesmo? Nesse dia comecei a concordar com o Içami Tiba quando aponta que as mães são culpadas por algumas atitudes dos filhos.

Isso porque já havia o caso da mamadeira. Um mês depois de estar no Caminhar, fiz o leitinho e coloquei no sofá para ajeitar Júlia e depois entregar-lhe a mamadeira. Quando percebi ela já estava bebendo o leite.

Depois veio o desfraldar que com a ajuda da Prô Cris foi bem tranqüilo. Tranqüilo para a Júlia, é claro.Com dois anos comemoramos o aniversário da Júlia na escola e até hoje ela pensa que foi a Cris que fez a festa. Esse foi um ano com muitas complicações, mudanças familiares e a Prô Cris teve uma participação importantíssima nesse processo. Foi um sofrimento fazer o aniversário da Júlia na escola, achava que deveria ser em outro espaço, enfim… mas tudo foi organizado com tanto empenho por todos que Júlia ficou tão feliz, tão feliz que o meu coração abrandou. Cris fez um DVD com os melhores momentos do aniversário que foi a melhor produção midiática de nossas vidas.

Lembro que nessa época pensava: Será que essa escola é de verdade?

Na reunião do 2º semestre lembro do Prô Rodrigo… Perguntei: “Mas como vai ser a aula de educação física para uma criança tão pequena?” Perguntei, pois tinha dúvida de verdade.

O Prô Rodrigo tirou do bolso da calça um papel amassado e me disse: “O planejamento está aqui”. Fui embora pensando: Como vai ser essa aula, com esse professor e o planejamento amassado?

Mas tudo deu certo! A Júlia sempre adorou as aulas e contava toda orgulhosa (para tristeza da mãe) que jogou bola com o pé. Foi nessa aula que ela iniciou ou “continuou” seu interesse pelo esporte.

O dia que ela levou uma “bronquinha” por um comportamento inadequado, como diria a Prô Cris, ficou tão chateada que até chorou a noite. Nesse dia percebi o quanto o professor (a) é importante na vida da criança.

Depois de dois anos com a Prô Cris veio a Prô Aline e depois a Prô Ana Paula. Confesso que mudanças não é a minha praia. Mudanças com a Júlia… que fique claro.Levo um bom tempo para entender.

Mas antes da Prô Ana Paula teve o episodio do balé. Decidi por mim que Júlia faria balé. Mas ela não queria. Disse que faria esportes. Que desespero! De fato ela não fez o balé nas primeiras aulas. Pediu para freqüentar o esporte e depois decidimos que ela faria os dois. Na verdade depois da intervenção da Fernanda dizendo em que momento deixei a Júlia participar da escolha, fiquei rendida e arrumei um jeito, não muito bacana, de resolver o problema. Até chorei o dia que a Fernanda falou que ela ficou sentada na aula de balé…. Mas passou!!!

Com a chegada da Prô Ana Paula e depois da adaptação percebo que tudo foi mais tranqüilo do que imaginava. A Júlia participou do processo de “troca de professoras” tranquilamente e hoje, revistando a reunião onde fui comunicada da mudança, observo que o processo precisava mesmo ser cuidado com a criança não com a mãe.

A cada dia novo episodio e parece que estou no eterno aprendizado.

Além dos professores que já passaram efetivamente por nossas vidas não poderia deixar de citar alguns professores que acompanhei no Simpósio 2010: o Professor de História, o Chico, que sabiamente retratou em poucas palavras os caminhos da “História” no aprendizado das crianças, a Profª Érika que relatou como explica aos seus alunos o desempenho na aprendizagem, o Profº Leo que relatou sua experiência com os alunos do Fundamental II  ( fiquei dias e dias contanto esse fato para o Mário aqui em casa: do bercinho para o mundo)…

Depois a Profª Débora que participou tão ativamente das atividades com a Profª Cris que quando ficou doente em 2010 Júlia nos contou com preocupação. Ah! E agora viverá o amor incondicional, ser mãe. A Profª Priscila que por acaso (ou não acaso) fotografou o casamento do meu primo, momento que a Júlia fez sua estréia como florista. Sr. Américo que semana passada disse: Você lembra quando ela vinha no seu colo?

Enfim… Todos os colaboradores que de alguma forma contribuem com a educação da escola e que muitas vezes ficam no anonimato.

Essa semana revisitei alguns escritos de Paulo Freire que diz: “eu devo experimentar o meu discurso e não usá-lo apenas como o pano-de-boca de uma prática que eu escondo. Eu acho que essa consistência, essa coerência entre a prática e o discurso é absolutamente fundamental.”

Conto tudo isso para dizer que vocês todos são a diferença nas nossas vidas. E que esses 20 anos de comemoração são muito mais do que merecidos.

Parabéns!!! Tudo de melhor!!! Espero que todos os sonhos sejam realizados e compartilhados conosco.

E as palavras de Paulo Freire são exatamente como vocês. Vocês são muito mais do que o discurso. São a prática viva de uma educação de qualidade, colaborativa, participativa e o mais importante: uma educação de verdade.

Abraços a todos,
Débora Martins
01/06/2011

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9 respostas para Colégio Caminhar 20 anos

  1. Que presente tê-lo aqui no blog Caminhar.
    Abraços,
    Débora Martins

  2. Monica Barradas Vessio Pozzi disse:

    Nem sei o que dizer…..

    Estou chorando ao ler as lindas palavras da amiga Débora, que acabou não mencionado mas , foi também indicada por mim ao Caminhar, pois a Mari já estava lá. Eu lhe disse : – Vai que vc vai adorar!!!!! Acertei em cheio, que bom Débora!!!!!fico feliz por vc!!! Faço das suas as minhas palavras!!!! E choramos juntas naquele simpósio!!!!
    Não tinha e e nunca tive dúvidas sobre esta escola. A qualidade, a competência,o carinho, a amizade, o relacionamento com as famílias e entre os funcionarios… enfim, não daria para retrarar aqui tantas coisas.
    Só sei que sou FÃ desta escola mesmo antes da minha filha estudar lá. Indico pra todo mundo!!! Já ouvia a Fernanda ( minha amiga de coração!!!) falar daa atividades que seus filhos( lindos por sinal!!) faziam, e eu que nem grávida estava já me encantava com tantas coisas legais!! Quando fui visitar escolas meu marido me disse: – Vai visitar, mas vc já sabe onde vai colocá-la ne???!!!!! E a própria Fernanda me disse: – amiga, visite outras escolas para ter certeza da sua escolha!!!! que dúvida eu teria?? nenhuma!!!
    Quem nos recebeu na escola foi a Edilene que nos apresentou o espaço e nos falou sobre educação como uma “real educadora e não como uma empreendedora na área educaional”!!!! deu pra entender a diferença??? Gente que faz de verdade!!!!
    Minha mãe professora aposentada saiu do Caminhar e disse que tinha adorado a escola!! Quem duvida de uma mãe???? e de avó ainda piorou!!!! sem discussão A recepção, o espaço, o parque com cara de casa de vovô, a cerquinha pintada pelo tio , o Sr. Américo, o vovô e a vovó, o cheiro de bolo, a centopéia pintada no chão, a famosa Tatá, ospassarinhos, as arvores no quintal, a proposta pedagógia( sem apostila!!!!!!!! ) e a simplicidade!!!! Ah isso é tudo de bom!!! Nunca percam esta simplicidade pois ela é fundamental para que nossos filhos cresçcam com os pés no chao e não no “modismo e na ostentação do mundo”!!! Escola tem que ter gente feliz, criança brincando, risos, paredes com desenhos e recadinhos, material reciclado por todo lado, atividades reais e concretas, presentes para os pais feito pela crianças mesmas reutilizando tudo o que a imgainação puder criar!!!! e qta imaginação heim!!!! sala de artes um encanto, caixas encapadas, cartazes, atividades penduradas, festa da família!!! Meud Deus esta é a melhor,!!!!! E a dança da ” Festa da Junina” como diz a Mari, que coisa linda!!!! Exposição de Artes, passeios, teatros, sarauzinho!!! sem palavras….
    Lá nós encontramos tudo isso e muito mais…..
    E agora minha filha está encerrando este caminho na educaçlão infantil. E meu coração está completamente apertado, pra não falar destruído. Choro só de pensar no dia da tal e tão esperada formatura. Senhor dai-me forças e muitos lenços de papel!!!!!!!!! Não estou me aguentando de tanta emoção e também de tristeza por saber que esta fase tão linda, tão maravilhosa onde teve tantos aprendizados se encerrou.
    Minha menininha de cabelinho bem curtinho de dois anos cresceu e agora está uma mocinha de 5 aos e meio, cabeluda e muito esperta!!!! Meu Deus!! Cresceu e como foi feliz nesta escola. Ela e nós, pois eu e meu marido Eduardo” vivemos a escola com ela”!!!! choramos ao ver as atividades, sorrimos com as descobertas, fomos a todas as reuniões de pais juntos!!!nos encantamos com os questionamentos e com as falas incríveis que vem de uma cabecinha tão nova!! E já está tão avançada no processo de escrita e leitura que me pergunto, Meu Deus quem segura esta menina??? E tudo isso aí, dentro deste colegio simples sem luxo mas que representa uma riqueza imensa que vocês na verdade não sabem que tem.
    Não quero me estender demais, pois se deixar fico aqui falando e falando até amanhã… rsrsr e chorando é claro…..

    Nem preciso dizer, Edilene, Fernanda e Derivan sabem disso, o quanto eu amo esta escola e amo muito vocês!!!!! Professoras excelentes, amigas de coração nos momentos que precisamos!!!

    Parabéns a todos!! de coração!!! e muito obrigada por fazerem parte das nossas vidas!!

    Eduardo e Monica
    pais da Mariana Vessio Pozzi

  3. Mônica,
    Bem lembrado. Quando fomos(eu e Mário) visitar a escola você estava lá sentada e já pensando como seria a entrada da Mari na escola. A única diferença é que a Júlia tinha 7 meses e a Mari 2 anos.
    Choramos juntas no Simpósio dos Profs 2010! Verdade! Já prometi que não vou mais chorar. Se bem, que hoje, já rompi a promessa.
    Estava aqui, bem tranquila pensando que a formatura da Júlia demoraria uns 3 anos e acabei de lembrar que vai ser no próximo ano. Quem sabe até lá a lei do ensino fundamental de 9 anos sofra uma transformação…;-)
    Mas mesmo no Fund l, tenho certeza que elas viverão bons momentos, afinal é a continuidade do processo de aprendizagem.
    Tenho certeza que todos os pais que passam pelo Caminhar têm histórias para contar. E cada uma com sua peculiaridade e seu significado. Histórias diferentes, de caminhos diferentes…mas que de alguma forma se encontram preocupados com a formação das crianças para a sociedade que está além dos muros da escola.
    Como disse o Mário: Rumo aos 30 anos mantendo o corpinho dos 20!
    Bjs
    Débora

  4. Viviane Ferrareto Pires disse:

    Dé,
    Não posso dizer que você surpreende, porque sempre soube de sua capacidade de reflexão, de seu reconhecimento com pessoas e situações bacanas.
    A Júlia e as decisões sobre ela sempre foram “formativas”, porque você a vê como filha, como ser humano e também a reconhece como um “Deborinha”. Todos estes olhares fazem uma enorme diferença. Tenho certeza que a escola a princípio ficou ressabiada com uma mãe tão questionadora, mas tão presente e muito participativa. Parabéns pela escolha da escola que compõe com vocês a formação da Júlia e que demonstra companheirismo, compromisso e qualidade em educação.
    bj Viviane

  5. Rafaella Figueredo disse:

    Que legal, acho lindo o seu jeitinho de participação na escola!
    Sou fã! rs
    Que a Festa de São João, ops, Junina, seja um sucesso!

    Beijão,

  6. Sabrina Cervi disse:

    OI DÉ, LENDO O POST, PARECE QUE ESTAVA OUVINDO OS SEUS COMENTÁRIOS E ANSEIOS DURANTE ESTES ANOS…. ESTOU ME PREPARANDO PARA ESTA JORNADA….

  7. Oi Vivi
    Tudo bem?
    Lidar com uma “Deborinha” não é qualquer coisa… Tem momentos q gostaria que ela fosse como o Mário, mas… como Júlia me disse outro dia: Antes de nascer eu já gostava de você mamãe
    Bjs

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